Chris Ann (chris_ann_w) wrote in potterslashfics, @ 2008-01-05 17:08:00 |
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Amor é um jogo de azar (capítulo 6)
Título: Amor é um jogo de azar
Autora: Chris Ann
Classificação: PG-13 - Humor/Romance/Drama - yaoi
Ship: Ron/Draco, Harry/Draco, Ron/Hermione
Resumo: Sobre um herói desaparecido, um puro-sangue falido, um presente biológico e o melhor amigo com problemas com bebida que acaba tendo que cuidar de tudo.
Avisos: Mpreg!
Disclaimer: Tudo pertence à J.K. Eu só brinco com os personagens \o\
Nota1: Para todo mundo que foi infernizado com um "o que é que você acha?" enquanto eu escrevia a fic, e para Beatriz, que impediu a bichinha de ir para o limbo.
Nota2: Desconsidera HP7. Ou pelo menos o epílogo u_u'
Draco estava contente. Naquele momento, havia poucas coisas na sua cabeça. Uma delas era o pacote de biscoitos que ele estava acabando naquele momento. Outra era a noção de que estava ocorrendo uma batalha entre os bebês. Fez uma careta de dor quando um dos chutes atingiu em cheio uma de suas costelas. Passou a mão na barriga para tentar dissuadi-los, mas não adiantou nada. Um dos dois, pensou Draco, ainda assim com bom-humor, estava levando uma bela surra.
A outra coisa era Weasley. Draco queria que ele chegasse logo. Estava entediado demais. Mesmo que ele precisasse de cada vez mais criatividade para que eles pudessem fazer algo, era sempre possível de um jeito ou de outro.
Sua mente variava entre esses três tópicos quando ele viu Weasley chegando pela lareira. Depois de controlar um louco impulso de pular no pescoço dele e beijá-lo – isso era coisa de garotinhas apaixonadas com saudade do namoradinho – ele continuou sentado no sofá, observando-o sacudir as cinzas das vestes e se preparando para dizer algo adequado, quando Weasley o olhou e Draco percebeu que tinha algo errado, muito errado. Ele estava claramente transtornado e parecia com ódio... dele.
Draco prendeu a respiração e, pela primeira vez na vida, decidiu que o melhor ataque era a defesa.
“Por que” – começou Weasley, tirando a capa e jogando no sofá, com o tom de voz muito lento das pessoas prestes a explodir – “você mentiu para mim, Malfoy? Não, eu sei porque você mentiu. Você é um crápula, um nojento, um filho da puta, um...”
“Não ouse falar da minha mãe!” – exclamou Draco, ofendido, levantando-se.
“... aproveitador, um chantagista. Mas porque você me acha tão idiota, tão... estúpido, se...”
“Weasley, cala a boca. Você bebeu?”
“Não” – disse ele, contornando a mesinha de centro para ficar de frente para Draco – “nunca estive tão sóbrio.”
Ao ver a expressão no rosto de Weasley, Draco teve medo de acabar agredido, ou pior. Recuou.
“Então o que você está falando?”
Pronto, atingira o ponto de fissura.
“Você sabe muito bem do que eu estou falando, sua cobra!”
“Não, eu não sei, idiota!”
Ron acabou com a distância que separava e puxou Draco bruscamente pelos braços.
“Me solta, seu...”
“Os gêmeos são meus filhos! Não de Harry, e você sabe!”
Silêncio. Draco encarou Weasley. Em qualquer outra situação, ele teria desatado a rir diante de uma afirmação dessas, mas Weasley estava falando assustadoramente sério.
“Você está louco.”
“Se eu estou, Hermione também está. Ela nos viu juntos no dia do Natal.”
Aquilo não estava acontecendo. Não, não estava. Não, não, não.
“Weasley, você está...”
“Não estou! E você sabe muito bem que eu não estou porque, seu nojento, você sabe de tudo isso e estava armando para cima de mim!”
Pela dor, os braços já deviam estar roxos. Draco tentou se soltar, se sentindo horrivelmente indefeso, mas os dedos dele não se moveram um centímetro na sua pele.
“Eu não estava armando para cima de você! Eu nem sei do que você está falando!”
“Mentiroso! Eu devia...”
“O quê, bater em mim?”
No momento que disse isso, Draco se arrependeu. Pela expressão de Weasley, ele estava considerando fazer isso mesmo. Ele ainda o segurou por um bom tempo, cravando as unhas na sua pele desprotegida pela camisa, antes de largá-lo no sofá, onde Draco ficou tentando se recuperar, a respiração acelerada, os braços doloridos e pontadas estranhas na barriga, enquanto Weasley andava de um lado para o outro, de olhos fixos nele.
“Eu” – começou ele, quando conseguiu falar – “não estou...”
“PÁRA-DE-MENTIR!”
“EU NÃO ESTOU MENTINDO! NÃO FAÇO IDÉIA DO QUE VOCÊ ES...”
Outra pontada, mais aguda e forte, o atingiu, fazendo com ele se dobrasse para agüentar a dor, começando a entrar em pânico. Mas alguma coisa do que ele fez – talvez o grasnido de dor involuntário – fez Weasley parar o ataque. Ele ficou parado perto dele, olhando enquanto Draco enquanto ele voltava a posição inicial.
“Eu não estou mentindo” – disse ele, ciente do tom de súplica que sua voz adotara, olhando nos olhos de Weasley – “Acredita em mim.”
Depois do que lhe pareceram longos minutos intermináveis de contato visual, Weasley desviou o olhar e sentou-se no sofá, um pouco longe dele. Ele acreditara.
“Você está com dor?” – perguntou ele, alguns minutos depois, receoso, com um quê de remorso.
“Não mais” – respondeu Draco, ainda em posição de defesa, as duas mãos protegendo a barriga – “Agora, me explica essa merda que você gritou.”
Weasley engoliu em seco e fixou o olhar na parede.
“É isso que você ouviu. Eu encontrei Hermione hoje e ela me disse que... bem, que nós tínhamos nos esfregado como animais no cio, foi a expressão dela. Na festa de Natal dos meus irmãos.”
Draco deixou a cabeça cair na cabeceira do sofá, mal acreditando.
“Não. Eu transei com Potter naquela noite.”
“Você lembra? Tem certeza?”
Draco tentou. Lembrava de achar Potter, mas, depois, a próxima lembrança era dele acordando na manhã seguinte. E encontrando Weasley desmaiado no corredor.
“Não” – confessou ele, aborrecido – “Não tenho.”
“Eu lembro.”
Weasley virara a cabeça para ele. Estava totalmente pálido.
“E porque você não me disse nada?” – perguntou Draco, com um início de fúria.
“Porque eu achei que fosse um sonho! Você não tinha barriga.”
“Nós estávamos transando?”
“Não exatamente” – respondeu Weasley, corando de leve – “Você estava fazendo umas... ahn... coisas lá em baixo.”
Draco suspirou. O vocabulário limitado de Weasley em relação à sexo às vezes era cansativo.
“Então” – prosseguiu Weasley, mais animado – “nós não transamos de verdade, não? Então, eu não posso ser o pai!”
“Lamento decepcioná-lo, Weasley” – respondeu Draco, em tom fúnebre, lembrando do seu estado naquela manhã – “mas eu tenho certeza absoluta que transei de verdade, como você diz, naquela festa com alguém. E tudo indica que foi você.”
Weasley murchou e afundou no sofá.
“Tem alguma chance de não ser eu?” – perguntou ele, desesperançoso.
Draco se sentiu com a moral mais baixa do que nunca. A única coisa que ele tivera certeza naquele tempo todo, a paternidade dos gêmeos, acabara de se desintegrar na sua frente.
“Pode ter sido Potter, uma semana antes.”
“Então minhas chances são...”
“Metade para você, metade para ele.”
Weasley não respondeu, absorvido em pensamentos, e Draco não tinha a menor intenção de romper o silêncio. Ficaram sentados em silêncio por um longo tempo, Weasley eventualmente olhando as marcas roxas e vermelhas nos seus braços.
“Desculpa por isso” – murmurou ele, apontando as feridas – “Pelas outras coisas também. Eu estava... louco.”
Mas Draco não estava ligando para isso. Estava com a cabeça em outra coisa.
“Eu queria saber como, de todas as pessoas daquela festa, eu fiquei com você.”
“Eu acho” – começou Weasley, cauteloso com a reação de Draco – “que você brigou com Harry e decidiu traí-lo com a primeira pessoa que passasse na sua frente... e fui eu.”
Draco deu os ombros. Era provável que fosse aquilo mesmo, mas ele não tinha energia para pensar naquilo agora. Era outra coisa que ele queria saber.
“Eu quero saber como. Seduzir você deve ter sido difícil, até porque eu ainda era o... namorado de Potter e você estava com Granger.”
Weasley baixou os olhos para o próprio colo, evidentemente não querendo muito discutir aquela parte.
“Então, Weasley...”
“Eu não sei! Talvez você deve ter mandado a mesma conversa, que nós íamos só relaxar e aliviar tensões, ou algo assim, e também deve ter dito que o Harry e Hermione jamais descobririam, e depois deve ter me atacado e me jogado num quarto ou sei lá. Eu não lembro de muita coisa a mais que você, Malfoy, estou só supondo.”
“Certo. E...”
“O quê?”
“Quando você falou que eu estava armando, o que queria dizer?”
Se antes Weasley corara de leve, agora virara um pimentão.
“Eu achei que você soubesse de tudo e tivesse fingido para ficar aqui, e, se o Harry voltasse, você...”
Draco fez um gesto com a mão mandando parar. Já ouvira o suficiente para perceber que a idéia era idiota.
“E porque você estava no corredor no dia seguinte?”
Era incrível como Weasley conseguia ficar mais vermelho quando Draco considerava tal feito impossível.
“Eu não sei! Você deve ter me expulsado para ter mais espaço na cama, ou... eu sei lá, Draco.”
Talvez tivesse sido aquilo mesmo, pensou ele, se ajeitando no sofá, mas não tinha um fiapo de lembrança. Estava com o humor tão transtornado com aquilo tudo que sequer percebeu que Weasley o chamara pelo primeiro nome, ou que ele se levantara do sofá e o deixara sozinho.
Maldito fosse o álcool.
Pelos barulhos de garrafas de vidro se espatifando contra a parede da cozinha, minutos depois, Weasley devia concordar com ele.